Eleição de jovens com até 24 anos cresce mais de 340% de 2020 para 2024
Marcia Raquel / Secom PDT PR
Aos 19 anos, Vinicius Vitorette Araújo, foi eleito vereador de Mandaguaçu (PR), em 6 de outubro. Nascido em 20 de dezembro de 2004, ele é o segundo vereador mais novo do PDT no Brasil e o quinto mais novo entre todos os eleitos e eleitas no Paraná.
Nas eleições municipais deste ano o Brasil elegeu 826 jovens até 24 anos. Esse número representa um crescimento de 344% em relação ao pleito de 2020, quando foram eleitos 186 jovens na mesma faixa etária. Se comparada com outras faixas etárias, esta foi a que apresentou o maior crescimento entre os eleitos.
Na sequência, os novos mandatários e mandatárias, com idades entre 25 a 34 anos, passaram de 4.856 para 7.815, o que representa um aumento de pouco mais de 60%. A última faixa etária a apresentar crescimento foi a de 35 a 44 anos, que passou de 18.117 representantes para 21.636, o que significa cerca de 20% a mais que no pleito anterior.
Os dados foram obtidos através de um mapeamento da demografia dos eleitos desenvolvido pelo consultor de planejamento partidário do PDT Paraná, Lucas Kogut, com base nos dados do TSE. (Veja gráficos abaixo)
Jovens do PDT
“Sou o vereador mais jovem da cidade de Mandaguaçu. Meu primeiro contato com a política veio com o meu pai, Luís Gustavo de Araújo, que foi secretário de Fazenda na gestão do prefeito Ismael (Ibraim Fouani). Além de minha trajetória política, sou bombeiro civil e socorrista, funções que me permitem contribuir diretamente para o bem-estar da comunidade”, contou Vinicius.
Além dessas funções, Vinicius administra o Portal Mandaguaçu, um blog de notícias onde compartilha informações e promove discussões políticas por meio de programas como Hora do Diálogo. “Essa experiência me aproximou da realidade da população e me motivou a fiscalizar as ações do legislativo e do executivo, mesmo sem um mandato”, afirmou.
O vereador eleito tem como bandeiras a educação, a juventude, a geração de emprego e renda e a agricultura familiar.
Em todo o Brasil, o PDT elegeu 20 jovens de até 24 anos, sendo que o mais novo, Gustavo Henrique Gomes, completou 18 anos no dia 8 de fevereiro de 2024 e foi eleito vereador em Almirante Tamandaré do Sul (RS). Em 2020 o partido elegeu 11 jovens dessa faixa etária.
Se ampliarmos a idade até 34 anos, o PDT passou de 289 eleitos em 2020 para 359 neste ano.
Paraná elege 52 jovens até 24 anos
Além de Vinicius, o Paraná elegeu outros 51 jovens (de diversos partidos) de até 24 anos. O mais novo, Fábio Daniel Teixeira, de Coronel Vivida, completou 19 anos no dia 12 de outubro. Outros três são mais novos que Vinicius: Matheus do Zé Virgílio (Santana do Itararé), Álvaro Emanuel (Santo Antônio do Caiuá) e Enzo Rugeri (Serranópolis do Iguaçu). Em 2020, foram eleitos 14.
Se pegarmos a faixa etária subsequente, o Paraná passa de 298 mandatários com até 34 anos em 2020 para 535, dos quais 11 prefeitos e uma prefeita, 13 vice-prefeitos e 3 vice-prefeitas.
A capital paranaense, por exemplo, elegeu dois representantes com menos de 24 anos e cinco entre 25 e 34 anos. Em 2020, todos os eleitos e eleitas para a Câmara Municipal de Curitiba tinham 35 anos ou mais.
Vereadora mais nova do Brasil
A vereadora mais nova do Brasil completou 18 anos no dia 1 de agosto de 2024, dois meses antes de ser eleita. Thamires Rangel foi a segunda mais votada em Campo dos Goytacazes (RJ) e a única mulher a conquistar uma cadeira na Câmara Municipal. Ela é filha do deputado estadual Thiago Rangel.
Eleições municipais como porta de entrada na política
Com base nos dados disponibilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é possível afirmar que a representação política municipal no Brasil será mais jovem se comparada com os últimos quatro anos. Isso porque as faixas etárias de 45 a 59 e acima de 60 anos reduziram seus representantes.
Em 2020, foram eleitas 33.093 pessoas entre 45 e 59 anos e no último dia 6 de outubro esse número caiu para 29.999. Já os eleitos acima dos 60 anos passaram de 13.122 para 8.725, o que significa uma redução de cerca de 10% e 35% respectivamente.
Em número gerais, em 2020 foram eleitas 46.215 pessoas com mais de 45 anos, quase o dobro das eleitas com até 45 anos, que somaram 23.159. Já em 2024, considerando apenas o primeiro turno, foram eleitas 38.724 pessoas com mais de 45 anos e 30.277 com menos de 45. Ou seja, a diferença reduziu consideravelmente.
Vale destacar que os dados analisados não incluem o resultado do segundo turno de 2024.
Fatores que influenciam no aumento de jovens eleitos
Para a cientista política e professora da Universidade Federal da Integração Latino Americana (Unila), Daniela Neves, esses dados devem ser melhor estudados para ver se são pontuais ou se é uma tendência de crescimento tanto da participação como eleitores, quanto de eleitos dessa faixa etária. Porém, é possível levantar algumas hipóteses.
“A política vem se transformando principalmente de 2016 pra cá. Cada vez menos temos uma interação face a face de campanha e cada vez mais uma interação digital. Então, da mesma forma que alguns políticos tradicionais não conseguiram se adaptar às novas formas de fazer campanha, algumas figuras que têm força nesse mundo digital ganharam espaço”, observou.
Daniela ressalta que nem todos esses jovens são influencers, mas acredita que boa parte dos eleitos tem como vantagem um grande número de seguidores e uma facilidade de comunicação através das redes sociais.
“Antes você tinha uma bancada grande de radialistas, que eram comunicadores que tinham um grande acesso à população. Hoje, você tem um aumento dessa camada mais jovem, que sabe falar com esse mundo digital”.
Mas esse não é o único fator que explica esse aumento do número de eleitos mais jovens. “Parte pode vir de tradição política, filhos ou parentes de quem já tem inserção na política. Então, apesar da pouca idade ou de não ter tido inserção política antes, não são exatamente novidade na política, são continuidade”, pontuou.
Por fim, Neves sugere que para entender o perfil dos eleitos em 2024, seria preciso fazer um estudo mais aprofundado para tentar separar o que é capital de rede social, o que é herança da política tradicional e se de fato tem uma camada de uma faixa etária mais nova, que mesmo não sendo exatamente influencers, consegue ter uma inserção maior na política eleitoral.
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